#FILMOTECA# - "Nine" (2009)

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(Edited)

Taxi Cafe

Sinopse: O reconhecido diretor cinematográfico Guido Contini passa por uma grande e complicada crise em sua vida pessoal e profissional. Ao mesmo tempo, ele precisa atender e encontrar uma forma de balancear as inúmeras exigências das mulheres em sua vida, que inclui esposa, musa, amante, mãe e sua confidente.

Um homem quando está nas mãos de várias mulheres nunca encontra o que tanto deseja, apenas consegue atenuar (de forma torpe e sem maiores intenções de comprometimento) a própria solidão e a toda a frustração de não saber quem ele realmente é, o que ele realmente quer e qual destino ele precisa seguir. Este filme é um bom exemplo da fugacidade que permeia a uma mente desajustada de alguém que tinha tudo para ter uma vida tranquila e feliz e acabou não conseguindo nada.

NPR

O roteiro é escrito com base na adaptação musical da obra 8 e 1/2 de Frederico Fellini e coloca no centro dos holofotes os dilemas que o diretor italiano Guido Contini tem que enfrentar quando um colapso psicológico referente à sua conduta pessoal perante as mulheres mais importantes de sua vida o faz questionar seus atos, tanto na vida pessoal quanto na vida profissional. Todas as preocupações, dúvidas, medos e ressentimentos que o cercam, tornam-se fantasmas cada vez mais fortes e difíceis de serem expurgados.

Esses fantasmas são literalmente representados pelas mulheres mais marcantes e que mais exerceram uma influência direta na vida dele. Cada uma delas tem uma função principal (com nuances muito bem definidas em todos os seus aspectos, embora essa adaptação musical tenha uma didática que infelizmente não funciona muito bem) em meio ao caos que ele vivencia, mas ao mesmo tempo, todas elas fazem parte da solução do problema onde ele é o único que pode enxergar as pistas.

Todos os personagens são aparentemente desconexos (porque cada um deles tem as suas próprias histórias contadas em momentos onde a ordem cronológica dos fatos não faz tanta diferença e nem altera a compreensão da história), mas a narrativa tenta estabelecer há uma ligação peculiar entre todos, algo que os tornaria interdependentes em todos os seus atos... No entanto, o resultado não foi saiu tão bem quanto o esperado. O que se nota, é uma verdadeira bagunça na estrutura em um roteiro que tinha potencial, mas que foi mal executado.

AceShowbiz

Bom, é inegável dizer que o conteúdo da história existe (e é muito bom, porque é pertinente)... Mas em contrapartida, é preciso reconhecer o quão precário foi o tratamento em seu desenvolvimento. A ideia de ir e voltar no tempo para mostrar as aventuras e desventuras vividas por Guido a princípio soa como um plano interessante e mesmo que não seja um argumento tão impactante para enaltecer o drama contido no roteiro, até um certo momento é eficiente por conseguir amarrar e explicar melhor alguns dos seus questionamentos internos.

O maior problema dessa abordagem acontece porque o roteiro não consegue solidificar a ideia que criou: unir todos os personagens acerca de um mesmo problema. A medida em que o filme vai se desenvolvendo, mais nítida fica a imagem de que à trama corre em trilhos individuais que não tem uma ligação paralela entre si. Essa independência que cada personagem adquire ao longo da narrativa faz com eles cresçam enquanto figuras importantes dentro do filme (e isso é um ponto positivo), mas infelizmente não ajuda quando o assunto é unir todas as cenas e tornar o filme em uma única unidade.

IMDb

A maneira como o diretor Rob Marshall decidiu trabalhar não foi completamente errada (afinal, ele tem uma boa experiência em filmes deste gênero... ou seja, ele sabe o que faz), mas é repleta de fragilidade porque, juntamente com uma edição de cenas desconexa e às vezes até entediante, revela que apesar dele ter uma propriedade sobre a história que ele está tentando contar, o que se vê na tela são vários curtas metragens que foram colados e "magicamente" se transformaram em um longa metragem.

Em meio à toda essa confusão na estrutura narrativa, o filme merece reconhecimento nas interpretações individuais do elenco (que por sinal, é fantástico!). Daniel Day-Lewis, Nicole Kidman, Marion Cotillard, Penélope Cruz, Judi Dench, Kate Hudson e Fergie entregam performances inspiradas (e em alguns momentos, espalha faíscas e um clima muito sexy por todos os lados) com números musicais bem arquitetados, letras significativas e temperadas e com um toque provocativo. O elo fraco é a Sophia Loren, que apesar de ter uma presença importante (e merece respeito por toda à sua carreira), é esquecível.

The People's Movies

Extremamente bem produzido, Nine tem uma cinematografia linda e explorada com uma riqueza de detalhes (aliás, todos os aspectos técnicos presentes aqui receberam um excelente tratamento, principalmente a trilha sonora e o figurino)... Porém, todo esse esforço para tornar o filme visualmente mais atrativo e mais estilizado não foi suficiente para salvar o projeto por inteiro, porque a mensagem continua sendo vazia em praticamente todos os seus segmentos.



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