#FILMOTECA# - "Diabolique" (1996)

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(Edited)

Listal

Sinopse: Uma esposa e uma amante, amarguradas com o diretor cruel de um colégio bolam um plano meticuloso para matá-lo e esconder as evidências. Mas a situação foge ao controle quando o corpo do sujeito desaparece, e um detetive começa a suspeitar que elas as culpadas pelo crime.

A busca pela vingança tem um gosto muito amargo e inevitavelmente trás consequências que não se podem ser mensuradas e nem controladas. Não importa o prazer que possa ser obtido por praticar esse ato (nem o quanto você se planejou para executá-lo), vingar-se de alguém requer muita habilidade psicológica para não sucumbir e se render diante das pressões de todos quando tudo está desmoronando ao seu redor e você se torna a principal vítima do seu próprio plano. Não existe o crime perfeito e esta é a principal lição que você vai aprender aqui.

Coub

Refilmagem do clássico francês dirigido por Henri-Georges Clouzot, o roteiro deste remake tinha um ótimo potencial em suas páginas (na teoria, algo super interessante... na prática, algo bem sonolento e desinteressante, mas os roteiristas não pensam duas vezes antes de desfilarem ao longo da projeção um amontoado de clichês que apesar dos seus bons momentos que rendem leves cenas de tensão e suspense (em episódios bem isolados e sem grandes conexões entre si), não consegue se aprofundar em nenhuma das histórias apresentadas e muito menos entregar um resultado decente para o público.

Tudo é muito linear (desde o início até o final do terceiro ato) e não há muito ritmo na dinâmica proposta pela narrativa (o passo a passo imposto pela narrativa é muito lento e falta de mais energia na história torna tudo mais entediante). A abordagem do filme é muito datada (e isso não é nenhum demérito, afinal... a versão original é muito superior a esta) e isso prejudica essa versão mais recente porque nenhum fato novo é incorporado à trama. É claro que aqueles que nunca assistiram a primeira versão não irão notar isso (e certamente irão aproveitar melhor esta nova roupagem), mas para quem está já o assistiram não há como não ficar altamente decepcionado com a falta de audácia da história.

IMDC

Embora existam ótimos personagens, nenhum deles é aprofundado da maneira como deveria. A superficialidade dos fatos em meio à trama se torna muito aparente (e em alguns momento, até pode incomodar os telespectadores mais exigentes) à medida em que a projeção avança e os personagens parecem permanecer todos no mesmo lugar, sem querer chegar a lugar algum. Existem poucos elementos que os façam realmente ser vistos como figuras essenciais e isso se torna um grande problema já que o filme gira em tornos deles três e seu perigoso triângulo amoroso cheio de segredos e mentiras.

Sharon Stone, Isabelle Adjani e Chazz Palminteri apresentam bons desempenhos, mas eles são sabotados por seus respectivos personagens. Praticamente não existe nada neles que soe verdadeiro (a não ser a primeira impressão que cada um transparece: a professora sexy, a esposa insegura e amante misógino... respectivamente), mas essa detestável falha acaba sendo acobertada pelo talento do trio. Eles (especialmente Stone e Adjani, que protagonizam momentos bem inspiradores juntas) são responsáveis por criarem camadas que camuflam toda a precariedade que reside nos personagens em meio a uma história de suspense que realmente não empolga e não decolar por completo.

Listal

A cada nova cena, o filme apenas recicla tudo o que já foi visto antes (não apenas na versão original, mas em tantos outros filmes do mesmo gênero) e ainda que exista a ideia de tentar estilizar e modernizar a história ao apresentar elementos repetidos por uma nova perspectiva (uma ideia válida, mas muito mal pensada), essa investida é como um tiro saindo pela culatra e causando um estrago aparente e que é difícil de ser consertado. Por mais que existam alguns memoráveis remendos ao longo do seu desenvolvimento, nenhum deles chega a ser suficiente para resolver todos os problemas e tornar a trama realmente interessante (considerando todo o poder que ela tem).

O trabalho realizado por Jeremiah Chechik na direção do projeto é claramente carente de inspiração, extremamente metódico (por sinal, cheio de péssimos vícios que não ajudam em nada filmes com esta temática) e falho em captar a essência da nuvem diabólica que paira sobre a narrativa. Há poucos momentos onde ele realmente faz algo bom, porque na maior parte do seu tempo, ele desperdiça praticamente todas as suas cartas em péssimas jogadas e o fato do filme não ter bons elementos técnicos (nada que vale à pena ser mencionado / destacado) só evidencia ainda mais o quão esquecível é o trabalho dele.

IMDb

Os nós que se formam em Diabolique infelizmente não conseguem ser desatados e a promessa de um bom filme se perde em meio aos consistentes erros e más escolhas ao longo de uma projeção um tanto quanto arrastada que a todo momento tentar mirar em algo que consiga captar à atenção do telespectador de forma genuína... Mas acaba falhando fortemente e tropeçando em seus próprios argumentos (como castelo de cartas que cai ao menor sinal de ventania).



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